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Coragem pra coreografar “aquela música especial”


Todo mundo tem uma musica especial que toca no fundo da alma ne? E quem dança, normalmente tem uma musica assim, mas que é tão significativa que tem medo de coreografar e “estragar”. Bom eu também tinha e guardei ela por uns 10 anos, vem q hj vou te contar a história da Coreografia de Branco.


BEHTI HAWA SAH TA WOH - COMO UMA BRISA FLUINDO - ou como foi apelidado pelo público, a coreografia de branco, foi minha maior insegurança do espetáculo…mas também minha maior alegria.


Essa música eu ouvi pela primeira vez com o Cauê, assistimos ao filme indiano 3 idiotas, um filme lindo e profundo e essa musica bateu na minha alma. Isso era 2013 ou 2014…


Salvei ela no meu coração…sempre tive vontade de dançar ela, mas é uma musica dificil pra mim. Não me sentia apta. Eu imaginava ela fluida, cheia coisas que eu não conseguia fazer…imaginava ela com passos de jazz que eu não fazia ideia de como fazer…ela ficou guardada por anos.


Em 2022 decidi que queria aprender outra linguagem de dança, algo novo , bora alimentar a criatividade né!!! Iniciaie no Jazz e me divertia muito.


Foi durante o processo de montagem do Natyam que me vi precisando coreografar um solo para que as meninas pudessem trocar de roupa. Pensei nessa música mas desisiti “meu jazz” não era suficiente…pesquisei outras músicas, mas essa era a que encaixava perfeitamente no "flow" do espetáculo. Vai ter que ser essa.


Normalmente eu corto minhas músicas, 3 min é um tempo que acho bem bom, não cansa o público, tbm não é tão curta. Mas behti hawa não consegui cortar. Ela é tão fluida q não teve jeito..tentei de tudo..nada ficou bom, eu teria que encarar 5 min de coreografia e o público teria que aguentar 5 min eu sozinha no palco…senhor…fica cada vez mais dificil.

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Sequência vai, sequência vem. Muda daqui, puxa dali, fiz a bentida da coreografia. GOSTEI? não, mas não havia mais tempo hábil para fazer uma nova coreografia, então vai essa mesma. Que pena…”estraguei” minha música da alma.😔


Na passagem de palco no dia do espetáculo, minha amiga katia disse, nossa, q linda essa…vai ser d+. Eu fiquei surpresa. Tu gostou mesmo? Ela respondeu q sim, muito.


Espetáculo rolando, chegou a vez do Solo de Branco. Óbvio que eu já estava emocionada, meu primeiro espetáculo estava acontecendo. Eu já havia dançado 2x e errado bastante. A música começou e eu entrei…me posicionei de costas para o público, olhei aquele cenário lindo e pensei “não acredito que isso está acontecendo!!”. O nó na garganta veio forte, comecei a dançar, e na primeira ida para o chão (originalmente essa coreo tem muito chão) não aguentei, chorei, chorei das lágrimas escorrerem pelo rosto e voarem enquanto eu girava. E quando me dei conta, olhei para o público e por todos os lados vi pessoas secando suas lágrimas. Choramos juntos, eu e meu público. Aquele momento valeu todo esforço de anos para realizar esse espetáculo.

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Quando saí do palco, soluçando de tanto chorar, minhas meninas vieram assustadas, achando q tinha acontecido algo. A Lu, meu anjo da guada e eterna profi, disse: não houve nada, ela se emocionou…seguimos com o show.


No final, quando sr. Adarsh, que veio representando o consulado, foi discursar ele comentou sobre essa coreografia. Ele se emocionou, disse que via minha paixão e entrega. Disse que nem precisaria entender a letra para saber o que eu estava representando ali. Minha coreografia conseguiu comover até um indiano, que sabia exatamente o q estava sendo dito, que era acostumado a ver arte indiana…q honra.

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No final de tudo, entre fotos, beijos e abraços, a maioria das pessoas comentavam sobre essa coreografia. Nossa Ame, que linda, qe tocante, chorei contigo…eu me surpreendi com tamanha repercussão.


Quando gravamos o vídeo dessa coreo, novamente houve comoção. Até minha amiga Monisha, amiga desde quando fui a primeira vez para Índia se sentiu tocada. Mostrou para a família, disse que a mãe dela amou. Monisha é sempre um ótimo termômetro das minhas criações, ela é extremamente crítica.


Isso tudo de uma coreografia que eu achei que não estava boa e só foi para palco porque eu não tinha outra opção. Porque se eu pudesse escolher, não teria colocado no Natyam, eu não estava pronta, a coreo não estava boa…mas sabe o que mais tocou o público …não foi os passos de dança..mas entrega da minha alma através da dança.

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Eu sempre sonhei em ser essa bailarina que faz o público chorar. Minha proteção de tela do PC é a Malavika Sarukai, uma bailarina indiana ímpar que me faz chorar como criança assistindo seus vídeos. Eu dizia pro Cauê, minha meta é conseguir fazer com meu público o que essa mulher faz comigo. E olha só …foi a coreografia que eu nem achei tão boa que fez isso…porque vale muito mais uma alma dançando do que belos passos vazios…..


Por hoje é só!

Beijos

Ame



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