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Natyam - Meu primeiro espetáculo (parte 1)

Eu amo palco, desde sempre, desde que consigo lembrar. Já perdi as contas de quantos shows fiz na vida, mas produzir meu próprio show..ahhh isso levei uns 18 anos pra fazer.


Vem que hoje eu vou contar como foi produzir o espetáculo Natyam - Índia em Movimento.


6 bailarinas indianas vestidas com figurino amarelo e rosa
As 6 bailarinas que fizeram Natyam possível

Desde que comecei a Cia Nrty (lê-se Ni-Rí-Ti-A), no final de 2018 quando voltei pro Brasil, eu já desejava produzir um espetáculo só de danças indianas, mas um passo de cada vez, primeiro eu precisava ter bailarinas aptas.


No inicio de 2020 eu cheguei a reservar um pequeno teatro em Porto Alegre. Esse vai ser meu ano eu pensei ....ahhh miseráviiii, sabe de nada inocente. Veio a pandemia e foi tudo por água abaixo. Foram momentos difíceis para a Cia num geral (pra todo mundo ne!), adaptar ao online exigiu muito de todas nós. Mas depois que pegamos o jeito, foi. Gravamos coreografias para a mostra online do Studio em 2020, depois 2021, o grupo se modificou varias vezes, mas em 2022 já havíamos criado um bom numero de coreografias. Conversamos e juntas decidimos encarrar a empreitada de fazer nosso primeiro espetáculo. 7 bailarinas e um sonho, levar o publico para conhecer a Índia através da dança.


Comecei por definir o quê dançaríamos, quais coreografias do repertorio iriam pro palco. Paralelamente, comecei a fazer orçamento de teatros. Das opções disponíveis, escolhemos o teatro Bruno Kiefer que fica dentro da Casa de Cultura Mario Quintana. Um espaço cultural lindo no centro histórico de Porto Alegre. Estávamos em meados de março (eu acho, minha memória não é das melhores) e agendamos o evento para dia 21 de agosto. Com a data em mãos, já comecei a fazer contato com equipe de filmagem, fotografia e iluminação para deixar tudo organizado com antecedência. Queria organizar tudo com tempo e calma, não precisava de mais pressão do que o a própria estreia já me faria.


Como as coreografias haviam sido criadas ao longo de alguns anos, não existia uma sequência logica nem a possibilidade de "contar uma historia", mas eu não queria simplesmente "jogar" um punhado de danças aleatórias, tinha que ter algum sentido. Conversei com minha mentora artística, Ana Medeiros, conversei com Cauê, conversei muito comigo mesma e defini que o espetáculo seguiria o "flow" da minha coreografia mais icônica até o momento: Dhoom Taana.


No corte que fiz dessa musica (sim, eu edito minhas musicas!) ela ficou com uma levada muito boa, começa animada, dá uma caída na energia e depois retoma com tudo e termina num ápice super empolgante. Esse seria meu guia e comecei a ouvir as musicas e colocar na ordem que para seguir essa fluidez. As musicas e danças não tinham conexão direta umas com as outras, mas a atmosfera sim. Definida a sequencia, comecei a ver qual bailarina sabia qual coreografia, quais teriam que aprender o que. Também pensei nas trocas de roupas, queria que tivesse o mínimo de trocas possíveis e com tempo para que não tivéssemos problemas.


Foi quando me dei conta que faltava uma coreografia para que fosse possível uma troca importante do grupo. Foi quando decidi que iria coreografar uma musica que eu estava "guardando" a muitos anos, pois não me achava preparada para esse trabalho, não sentia que tinha capacidade para isso. Mas nesse momento eu precisava. Decidi encarar o medo e tirar esse projeto do papel. Behti Hawa Sa Tha Woh - o solo de branco, como ficou conhecido, foi meu grande medo e insegurança até o dia do show, mas conto essa história em outro post, ok?!


bailarina indiana vestida com rica Anakarli branca
O solo de branco

Voltando ao show, eu queria um cenário, mas tinha que ser barato. Pensei em fazer um banner gigante para por no fundo do palco. Novamente recorri a minha mentora Ana, que no momento que expus minha ideia já disse - Não, não vai ficar bom! Vamos repensar. E foi essa maravilhosa quem pensou na solução de imprimir em tecido 2 fotos minha em tamanho natural. Ana é designer, já ganhou prêmios por seus cenários - ahh que privilegio o meu!


Ana desenhou o cenário com 2 tecidos mais largos com fotos e 2 mais finos para compor. Eu amei, mas ficava desconfortável com a ideia de ter minha foto estampada no palco, afinal o espetáculo não era só meu, era do Nrty. Mas comecei a fazer orçamentos para as impressões, fui atrás dos tecidos (muitos e muitos metros) e comecei a encaminhar a ideia.


Como o studio não tinha caixa para bancar muita coisa, decidimos que tentaríamos conseguir algum patrocínio. A Bruna Reisdoerfer, uma das nossas bailarinas entendia do "rolê" e começamos a bolar nossas propostas, levantar quais empresas poderiam ter interesse, qualquer ajuda era bem-vinda o "não" a gente já tem ne. Bora!


Agora vamos abrir um parênteses aqui...pra eu introduzir uma parte importante da história que aconteceu de forma inusitada!


Era abril quando recebi uma mensagem muito curiosa no meu Whatsapp, o diretor do Centro Cultural indiano em SP querendo falar comigo...Oi??? Pera...socorro!

O centro cultural estava buscando parceiros para difundir a cultura indiana em outros centros fora de SP, e a querida Vera Edler, professora de yoga, me indicou. Na conversa com ele, comentei que iria para SP em maio (quem acompanhou eu e Re no Mercado Persa 2022??) e marcamos de conversar. Em maio tivemos 2 reuniões, uma com a direção do centro cultural, outra com o próprio Consul Geral da Índia .



Nessa conversa o cônsul pediu que eu enviasse o projeto do Natyam para ele, pois queira que esse evento fizesse parte das comemorações dos 75 anos de independência da Índia. Confesso que fiquei empolgada mas ao mesmo tempo descrente. Não conseguia acreditar que "do nada" o meu primeiro espetáculo, o meu teste como produtora, já seria um evento oficial. Pensei, papo dele, nem vai rolar nada. De volta a Porto Alegre, mandei o e-mail com orçamentos e detalhes do show, agora era esperar.


Não demorou muito para vir a resposta, o consulado iria apoiar nosso evento e ele passou a ser o evento oficial das comemorações dos 75 anos de independência indiana no RS. O consulado mandaria um representante oficial para o evento e convidaria pessoas importantes como secretaria da cultura do estado, líderes de organizações, outros consulados, etc. E foi nesse momento que eu percebi que meu pequeno e simples espetáculo de estreia tomara uma proporção muito maior do que eu havia planejado. Um misto de orgulho e desespero.


Fecha parênteses!


Nessa altura do campeonato, eu havia perdido uma bailarina, que desistiu da Cia por questões pessoais...agora somos 6 para fazer um show de 50 minutos, socorrodeus! Nessa etapa comecei a ver o que já tínhamos de figurinos disponíveis, conseguimos comprar alguns figurinos de ex-integrantes, ganhamos alguns e já iniciamos a produção do que faltava. Não foi preciso fazer muita coisa. Também começamos a produzir as tikkas (adereço da testa), as flores para por no coque, pulseiras ( nossa fada dos trabalhos manuais, Jess fez todas as nossas pulseiras!!!!)


Figurinos encaminhados, agora que teríamos o apoio do consulado, sabia que poderia fazer o projeto do cenário do palco, porém, ainda estava desconfortável com a ideia de fotos minhas.

Aí lembrei de vários artistas indianos que fazer ilustrações para indústria da moda na Índia. Eu já seguia alguns que amava. Visitei os perfis e fiz orçamento com 2. Anoop, que tem um trabalho primoroso, nos respondeu e foi muito gentil. Conversamos, expliquei minha proposta e necessidade, mas deixei à critério dele as ilustrações.

Eis que nasceram nossas "bonecas" que fizeram tanto sucesso no espetáculo e ainda fazem (breve teremos camisetas com elas!!!). E não, elas não foram baseadas na minha fisionomia. Esse tipo de ilustração são característicos do Anoop!!!


Já temos a sequência das coreografias, definição de quem dançaria cada uma, cenário e figurinos encaminhados, teatro, vídeo e fotografia confirmados, técnico de som e luz também. Bom, parte técnica está encaminhada, agora falta patrocínio, liberar as musicas no ECAD e vender ingressos.


Tudo corria bem, os ensaios estavam fluindo, estávamos animadas, fizemos fotos e a Ana, novamente nos apoiando, fez as artes de divulgação. Conseguimos um pequeno patrocínio da Mahindra Brasil (uma gigante de tratores indiana)...até que 1 mês antes do evento o consulado (que havia trocado de Cônsul) questionou o fato de estarmos vendendo ingressos, pois, normalmente, eventos consulares são gratuitos. Impasse da questão, talvez perderíamos o apoio...socorro senhor!

Pra completar, o técnico de iluminação que eu havia contratado me informou que arranjou outro trabalho e não estaria disponível na data do espetáculo.

Numa tacada eu estava sem apoio do consulado e sem técnico de luz, parte crucial do espetáculo. Choro, desespero, indignação...


Mas esse post já tá comprido e eu conto como essa história se resolveu no próximo!!!


Por hoje é so! Beijos







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